sábado, 26 de novembro de 2011

a batalha

luto com briga,
apanho nas vozes,
não desisto em mente,
sigo sempre em frente.

sou eu vivendo a vida,
sou eu sofrendo o mundo,
sou eu vencendo tudo,
todos 'eus' são invencíceis.

amei num olhar,
amor pela vida,
cresci e vivi,
sou um vim, vi e venci!

ninguém dobra o mundo,
ninguém vence tudo,
mas pertence ao mundo,
nosso cada segundo.

aos céus respondi,
ao deus decidi,
minha sorte temente,
é só minha e só.

se um dia vivi,
se um dia venci,
foi somente na luta,
que em mérito vi.

se um dia perdi,
se um dia aprendi,
meus erros felizes,
todos que cometi.

vivo cego
vivo louco,
amei por certo que pouco,
perdi um tudo e um pouco.

mas vivo e sigo,
vivo louco,
vivo pouco,
vivi como anjo torto!

se a vida é uma batalha,
certamente que lutei,
de certas guerras que ganhei,
amei menos que sonhei...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

tristonho

encosta-me calma,
doce fatalidade,
crua e nua de todo,
entalhe suave...

ó dor de fino trato,
achou-me bem triste,
doce tristonho,
tristonho chorei.

embala as lágrimas,
d'uma alma triste,
cujos ombros desistem,
desse mundo pesado...

carrego triste,
doce fatalidade,
doce tristonho,
amarga realidade.

divido o fardo,
espelho rachado,
escuto d'um requiem,
suave tragédia.

deixo esse mundo,
à sua própria morte,
de minha mente choro,
nada me resguarda...

agonizo em vida,
ouço uma marcha,
cruel solidão,
requiem da despedida.

acorde clássico,
de tudo tristonho,
hoje sou apenas tristeza,
apenas tristonho...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

coringa

falamos pouco,
calamos pouco,
erramos os tempos,
nosso humor é estranho.

talvez todos acham,
todos nós achamos,
vós achais também?
se nem eles se acham...

achamos demais,
não nos comprometemos,
fugimos de querer ser,
queremos apenas viver.

tudo culpa do antes,
meu ontem foi difícil,
sofri e mudei,
e hoje sou idiota.

até pra nos escondermos,
o discurso é montado,
cliché e piegas,
igual a série de tv...

temos pena de você,
que nem se quer se da conta,
que você é esse você,
pena de você sua parte do todo.

da-me seu discurso,
lhe direi seu custo,
previsível assim,
repetitivamente desmotivante.

mas esqueci de me apresentar,
me chamo idéia,
tenho muitos parentes,
somos uma familia rica.

rica e triste,
esquecida por você,
que não sabe que é você,
e acha muito que sabe.

acha,
novamente,
desgaste suspirante,
novamente...

seguirei aqui,
no porão das mentes,
com minha familia espero,
que um dia mais vocês não achem...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

infância

e então em meio a conversa,
senti-me perdido e intruso,
sorri com as maos no bolso,
olhei o chão e calei.

lembrei da infância,
da timidez infantil,
que pouco tinha mudado,
acho que apenas a data.

ainda ontem vi um senhor,
era ele grisalho e frágil,
pisava a calçada fugindo,
brincava de fuga das riscas...

não vi um senhor de fato,
vi apenas uma criança,
algumas primaveras a mais,
desconcertou-se ao me ver.

somos apenas crianças,
mas com responsabilidades,
menos ingenuas,
muito mais mal educadas.

problemas o tempo nos traz,
e o mesmo nos leva o sorrir,
ontem eu ria mais,
viver me entristeceu.

sorrir passa a custar caro,
e a realidade é mesquinha,
metáforas metáforas,
fato é que sorrimos menos.

tavez aquele senhor,
por um momento entendeu,
somos os mesmos de ontem,
apenas um novo contexto.

curvar o mundo no expediente,
mas pedir tudo de balas,
no contexto do mundo adulto,
temos todos falsos bigodes.

viver deve ser uma arte,
ter paz e conseguir sorrir,
pena não ser eu um artista,
apenas um mero observador.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

insulto


desviam-se os olhares,
retira-se as mãos,
as posturas,
as vontades...

somos mediocres,
acomodados,
insatisfeitos,
infelizes.

a brincadeira do sentir,
a dança do transformar,
a coragem de viver,
conceitos e só.

nossa vida é andar,
andar por um labirinto,
entradas em fundo cego,
contruida por covardes...

cegam-nos o caminho,
de um qualquer objetivo,
com suas paredes vãs,
feitas de inconsequência...

mascaram de nós,
o caminho mais óbvio,
retiram de nós,
o sabor da conquista.

esvai-se o ânimo,
brota a covardia,
seremos mais um,
a criar labirintos...

a maioria é óbvia,
a maioria é poderosa,
a maioria vence,
na maioria vivemos.

da maioria apanhamos,
da maioria aprendemos,
para maioria nos rendemos,
com a maioria morremos...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

pulsos engrenados

um dia ao ir dormir,
de repente uma denúncia,
do silêncio eu ouvira,
estalar meu coração.

antes já ouvira,
d'um pai sempre calmo,
sempre frio feito pedra,
estalava seu coração!

decidido fiquei,
do doutor logo saber,
que examinando exclamou,
engrenagens aí têm!

e assim confirmei,
a diferença fundamental,
não podia ser normal,
de fato não o era.

era de engrenagens,
disso era meu coração,
com ele não podia amar,
senão malfuncionava...

expurguei,
odiei tal herança,
mas no silêncio percebi,
nada mais eu tinha...

era dele,
meu poder de vida,
mas vinha dele a prisão,
que triste coração.

sofri calado,
toquei o peito,
gemeu as engrenagens,
em sol de solidão.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

violinos

me pego um dia a ouvir,
ouvir com outros ouvidos,
os benditos violinos,
mal consigo descrever...

que som maravilhoso,
que música suprema,
que me fecha os olhos,
que me leva pra longe...

havia apenas ouvido,
nunca ouvido de fato,
geme tal instrumento,
chora feito lamento.

poderia ouvir,
e ouvir,
e apenas ficar a ouvir,
é perfeito...

ouça um violino,
de olhos fechados,
por favor,
ouça...

geme tal instrumento,
macio e sutil,
como uma linda mulher,
perfeita...

chora feito lamento,
de quem chora de alegria,
de quem chora de dor,
mãe que ganha ou perde o filho...

ouça um violino,
de olhos fechados,
se surgir choro ou arrepio,
ouviste finalmente...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

mensagens

movimentei os pés cobertor a dentro,
inspirei fundo em reflexo despertar,
me vi debruçado sobre o sofá,
meu pescoço doia feito torcicolo.

ainda deitado olhei para o teto,
notei me despertando tranquilo,
quando o mundo dos pensamentos,
de subito retornou a minha mente.

notei que dormira bastante bem,
sono de um possível justo,
cabeça e corpo são e algo mais,
estava em paz novamente.

pensei exatamente nessa paz,
foi meu pensamento primeiro,
muitos sequer sabem que está ali,
vivem com ou sem ela, mas sem saber.

me senti estranho na verdade,
acordei e de pronto a senti,
a alguns momentos não a percebia,
estava em paz novamente.

indaguei o que mudara para tal,
uma excelente conversa inusitada?
uma boa noite de sono profundo?
o estresse anterior retirando-se?

não soube me responder,
não era tão relevante,
pensei mesmo foi nas mensagens,
aquelas que a gente esquece...

daquelas que cada um tem as suas,
sutis na diferença mas únicas,
as verdades aquelas que nos tiram,
e nos perdemos até reacha-las.

cá parado pensei em algumas,
pensei em quem as perdeu,
ri já que ontem era eu,
as tais 'fases de vida'...

paz, mensagens e fases,
pelo visto dançam conosco,
umas com as outras,
colorindo o baile de nossa vida.

mas liguei as luzes do salão,
ri novamente por pintar tal quadro,
recai o pensamento nas mensagens,
e levantei-me pensando nas mesmas.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

fome

hoje me pego pensando,
passado pesado pensado,
cansado mas vivo,
o que pesa é o tempo...

não o tempo passado,
mas o tempo buscando,
ao piscar novamente,
ainda restara juventude?

as almas precisam,
como nossos corpos,
de um bom café da manhã,
ou um belo x-alegria!

migalhas de promessas,
de alegrias vindouras,
é apenas disso,
que as vezes é o alimento.

de forma alguma é desejo,
deixar adoecer o interior,
por simples desnutrição,
doi esse pequeno saber...

mas doi mesmo é ficar,
ficar na promessa,
e não em acontecimentos,
onde mais esta a vida?

quem sabe toda a busca,
em um súbito golpe,
não se torne uma onda,
que mergulhe nalgum mar.

e que então cada segundo,
gasto em todas as procuras,
seja o pagamento dum oceano,
vasto e cheio de oportunidades.

finalmente concedendo,
por algum capricho superior,
alguma alegria milagrosa,
que alimente a razão...

cure a alma da anemia,
fortaleca a existência,
adicione mais um sorriso,
num mundo cheio de disilusão.

sábado, 2 de julho de 2011

a melhor das doenças

contamine os outros,
passe adiante uma doença,
a melhor das doenças,
a da certeza.

perceba algo simples,
que a convicção plena,
é transmissivel pelo ar,
pelo olhar e pelo contato.

a certeza não precisa,
por certo que não,
de holofotes,
pode ser comedida.

seja forte,
de boa índole,
sem segundas intenções,
tenha certeza.

e então espalhe,
se torne virulento,
faça uma epidemia,
e salve o mundo!

terça-feira, 28 de junho de 2011

precisely moments

"There's a time and place for everything
(...)We can push with all our might
But nothing's gonna come
Oh no, nothing's gonna change(...)"

for the selected audience,
songs like these are classic,
but for today's sake,
just these piece of lyric's enough.

sometimes in life for some reason,
and for some people more than others,
life simply do not happen,
in infinite matters related each world.

and when a soul is at inner peace,
wich is the the utmost one,
one obvious option shine through,
quit on pushing...

do not judge wrong the proposition,
give up is for unballanced minds,
'quiting' here is just let go,
a peacefully surrender.

imagine a mother and her baby,
this baby have just learned to walk,
if the mother think he already know,
she will let his hand go...

for his own personal measure of time,
this is just what is need to be done,
the end of the line in this travel,
do not even compare to the travel itself.

domingo, 19 de junho de 2011

pax rursum

parei meu corpo,
tarefa simples,
apenas parar o corpo,
me atirei na cama.

difícil é a mente,
indomita e indolente,
age como cavalo chucro,
poucos as mal seguram.

ouvindo em madrugada,
chuva branda e natural,
somei meu contexto
e sem querer achei uma paz.

mas estranha a dessa vez,
sem pico de alegria,
sem tristeza consciente,
paz de mente vazia e leve.

certamente não há razão,
não razão distinguível,
é apenas a soma de tudo,
de tudo até meu agora...

não é auto-biografia,
apenas uma descrição,
sem nenhuma teoria,
sem nenhuma explicação.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

lua cheia

ao andar pela rua naquele dia, encontrava-me cansado, tinha pressa de chegar em casa, mas com passos pesados de quem carrega a cruz do dia. era noite, precisava me encontrar em casa para tomar um banho e jogar toda minha atenção em livros pois as provas encontravam-se perto. 

ao contemplar o céu por acaso, percebi uma lua cheia, bela, linda, em destaque na abóboda escura, sem núvens e com esparsas estrelas, que estavam de fato presente aos milhares, mas as luzes urbanas grosseiramente as ofuscavam sem a devida licença. linda noite, a temperatura era branda, assim como a brisa. ao olhar para o astro brilhante, parei, as ruas estavam vazias, portanto, não passaria vergonha alguma... admirei tal beleza natural e imaginei inutilmente quantas pessoas estariam olhando algo tão simples, estático e hipnotizante e pensando como eu em um ciclo coletivo de reflexões. em tal ponto depois de alguns minutos divagando tal anedota, escorei minhas costas em alguma construção qualquer e resolvi ir além...

fixei em minha mente a imagem da lua, fechei meus olhos e me vi em um terraço de um alto prédio com um rosto conhecido com os quail gostaria de dividir tal momento. meu melhor amigo surgiu colocando a mão em meu ombro e me dando dizendo 'e ai' com um ar informal. perguntou-me o que fazia ali, respondi-lhe que só queria mostrar-lhe tal céu, ele riu, sacudiu a cabeça entendendo que seu melhor amigo comumente venerava momentos como aqueles e sentou-se em algum lugar por ali, em ar de pausa longa, falamos sobre a rotina da vida de cada um e ao despedir-se levantando-se pôs a mão em meu ombro e saiu com ar de quem irá conversar comigo amanhã novamente.

sorri com o canto da boca e imaginei uma figura feminina, com atitude franca e jeito suave de expressar-se, perguntou o que eu fazia ali e o que eu tanto olhava distante sem piscar, não a conhecia, preferi não olha-la, apenas conversar e dividir com ela meu mundo das idéias. ao responder com ar irônico que apenas olhava o céu com uma bela lua sobre um mundo com pressa demais para entender 'um momento' ela não mudou seu tom, ficou séria, disse-me que eu não deveria dizer sobre as pessoas pois não conhecia a esmagadora maioria, mas que de fato a noite estava bela. pareou a distância a minha, mas ao invés de sentar-se, escorou-se lateralmente, a distância próxima e nada disse por alguns minutos. estava gostando de tal ambiente e não me senti constrangido pelo silêncio pois sabia que ela não iria embora, esse céu tinha significado pessoal também para ela.

quebrei o silêncio dizendo que agradecia a simples compania e o belo silêncio combinado com aquela noite, disse também que ela certamente não era pessoa comum para perceber tal noite e pensei em lhe dizer o quanto gostaria que alguém como ela surgisse no meu mundo real. novamente fui criticado por não conhecer a maioria das pessoas. ela então andou até a minha frente, olhou-me, tocou minha face com a palma da mão e disse que eu precisava crescer para encontra-la. não consegui ver sua face pois o brilho da lua era muito forte e com o mesmo ar de mistério que apareceu, esvaneceu ao fechar meus olhos com seu toque.

ao abri meus olhos novamente estava no terraço só, ao suspirar pela compania perdida, sentou-se ao meu lado meu pai, um grande ar de choro enrolou-se sobre minha garganta e ascendeu aos meus olhos que encheram-se de lágrimas. disfarcei, mas minha garganta doía. meu pai era figura importante, talvez a mais importante, era meu super-herói particular, muito mais preparado para o mundo do que eu jamais serei em minha vida. gostaria muito de conviver com o ele e aprender o máximo, mas era tarde demais, disse-me que sentia-se culpado demais para ser algo além de meu amigo. aceitei sua proposta as custas de uma distância próxima que me dizia muito pouco sobre tal figura. agora ali parado, com ele ao meu lado, eu me fazia tentar conversar sobre assuntos imbecis, pois estava nervoso. disse-me ele, em algum momento, que estava ali pois eu gostaria que estivesse, disse-me que as forças que movem os grandes corações são a vontade, verdade e o amor.

segundo ele quem segue a verdade precisa ter vontade para manter-se firme, caso contrário cairá na mentira. acrescentou que a verdade parece afastar o amor, mas que na verdade apenas ilumina o amor real como uma luz negra destaca tons invisíveis. pausou um momento, olhou para mim e disse que se eu não fosse seguidor da verdade não teria percebido tal noite, mas que minha vontade se abalara pelas dificuldades da vida. instruiu-me para erguer minha vontade e ir viver e que eu me surpreenderia com os resultados daquelas duas simples qualidades atuando no mundo real. chorei, abracei-lhe fortemente e disse que desejava que estivesse ao meu lado sempre. ele retrucou-me perguntando como encontrei lugar tão bom pra ver a lua, quando olhei para a mesma e fui responder meu pai havia sumido. chorei novamente silenciosamente e decidi sair daquele terraço.

abri meus olhos no mundo real, havia passado apenas 10 minutos, eu estava emocionado ainda, encontrava-me triste, pois refletira minhas perdas e inconquistas em uma paisagem tão bela, pareceu-me injusto. segui meu caminho até minha casa com minha mente quieta. acho que apenas precisava desabafar com alguém. desabafei comigo mesmo através de meu amigo celeste. olhei a uma última vez antes de adentrar minha casa. reverenciei mentalmente sua bela existência e continuei minha vida apressada.

domingo, 12 de junho de 2011

a difícil decisão da entrega

     internet, email, celular, redes de relacionamento, encurtamos as distâncias entre nós seres humanos sob a promessa de uma realidade menos solitária, com mais atenção, mais pessoas novas, mais amizades, mais festas, mais amor, mais sexo. 
    o desejo de reconhecimento social resultando na busca de alguma forma muito pessoal e particular de status, levou-nos a criação desse mundo globalizado, virtual, rápido e facilmente desinteressante aos olhos de quem procura algo. "a fila anda" hoje em dia! "durma na no ponto e perderá o onibus!". raramente, para não nihilizar com um praticamente nunca, as almas todas em uma frenética busca da ilusão do "eu liberto, realizado e independente", percebem que a própria velocidade do mundo leva uma confusão grosseira: a quantidade pode levar a alta qualidade.
     a realidade acelerada proporciona quantidade, e quantidade somente, dai o inerente vazio e solidão da maioria esmagadora das pessoas. evoluiu-se o fato de que o ser humano é um eterno descontente, agora é também um eterno solitário. com o agravo óbvio do mundo do capital que vê na pressa um alto potencial de lucro e assim investindo em tal ambiente e mergulhando nossos sentidos no mesmo. é vendido hoje o poder da aparência nos meios todos.
     em suma, temos um mundo rápido, aparentemente promissor, onde os mais lindos corpos e intelectos são acessiveias a velocidade de um click.
   a partir desse perfil, fica relativamente complicado acreditar na existência de algo como sentimentos brotarem de forma natural, já que transformamos geneticamente o amor em um transgênico que pode ser produzido, comprado, mas não gera sementes. 
   como acreditar em algo verdadeiro, que germine tímido e pequeno, em algum solo qualquer e que se cuidado se torna grande e forte? esse algo quando se fecha os olhos, possui temperatura morna ao corpo e quando trazido ao peito provoca alívio e conforto, como um cobertor grosso em um dia de frio, que relaxa e nos embala ao sono. descrevo o amor, obviamente, abstrato que só ele...
     a realidade fria é o ambiente urbano enquanto o ambiente do amor é pastoril, mais calmo, sereno, onde os dias são tratados um após o outro, e já que todo o dia a lavoura exige tarefa e dedicação, a pressa aqui não serve.
     entretanto, estamos em plena época de êxodo rural, cada dia mais e mais almas desacreditam no potencial da tranquilidade e se contaminam com o vírus do imediatismo. e para os caipiras, as coisas tornaram-se difíceis, um medo de que o mundo rural deixe de existir é uma constante, e a promessa de novas sementes é amedrontante.
     simplesmente, amar alguém hoje, para um caipira é tarefa árdua, o povo da cidade sempre os viram como devagares ou 'burrinhos', e algo bobo aos olhos dos segundos é motivo de desdém. a ridicularização pôs os caipiras pra dentro de suas casas, vivem a pouco se mostrar, e quando escolhidos, lutam, relutam e pouco se entregam, já que a tendência é mais uma bela decepção.
     deveriamos freiar o tempo, aceitar as pessoas reais e abolir as virtuais, olhar mais no olhos, acreditar mais na tranquilidade e menos na impaciência. deveriamos fixar mais a nossa atenção em detalhes para que algo com potencial enraizasse muito mais fortemente, detalhes são os melhores adubos, questão de treino. 
    deveriamos lutar um pouco mais com o coração, para que a decisão da entrega tenha menos cara de decepção e mais cara de oportunidade, e por fim, que ela não seja tão difícil e dolorosa, mas sim natural e bela.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

meio-termo

meio-gripado?
meio-molhado?
meio-grávida?
meio-irritado...

de fato meio-termo não existe,
meus dias acham-se apressados,
a impressão é de mal sono,
e é apenas quarta-feira.

quando pisco passou a semana!
estranho complexo da fadiga,
se minhas tarefas aumentam,
meu ano passou ao piscar...

mas e o tempo livre?
rock, blues e uma bebida?
e que tal uma companhia?
todos juntos seria utopía!

fato é que algo falta,
falta é o tal meio-termo!
veja que complexo da fadiga,
meu tempo livre é vazio!

como pode tal idiotice?
explico pois sei bem dizer...
minha rotina virou minha vida.
no tempo livre nada se move.

logicamente ao não se mover,
minha vida também se para,
o motivo é obvio e simples,
chega a ser óbvio demais.

vivemos onde vivemos mais,
a vida virou tarefas,
e a tarefa virou a vida,
óbvio demais...

espero ser possível o rock,
talvez a bebida e o blues,
quem sabe a companhia...
quero mesmo um meio-termo.

domingo, 22 de maio de 2011

fluxo mo #1

olá você ai sentado!
pare de procurar,
olhe e também veja...
já está encontrado!


feche seus olhos,
aquiete sua mente,
pare de se debater,
deixe-se submeter.

bolha sobre o líquido,
impossivelvelmente real,
do caos da mente humana,
é possível uma anomalia...

a acalmia perfeita,
o espelho d'água interior,
liberte-se do pensar,
pare de se debater.

a liberdade de tudo,
o ser absoluto,
nem que seja em meio,
mas real, meio segundo.

seja esse tempo qualquer,
solte o freio,
pare de se debater,
deixe o pensamento fluir.

ele uma hora terminará,
e nada restará,
e você... ai sentado...
será absoluto e livre..

segunda-feira, 16 de maio de 2011

desdobramento

toca meu despertador,
o ruido melódico é incômodo,
por certo de tanto tocar,
o cansaço já me toma conta.

queria uma conversa reflexiva,
sem pressa, lenço ou documento,
num sol de quase dezembro,
mas meus amigos estão longe...

ao pensar tal pensamento,
me atraso novamente pro dia,
estou sem tempo pra pensar,
para planejar quem ser.

sentado na cama bocejo,
reflito meu vestuário,
ligo o automático e me visto,
o atraso me empurra à pressa.

ao atravessar cada rua travo,
mas apenas mentalmente,
queria sentar ao meio fio,
respirar, olhar o céu, parar...

enquanto ali, pensar em algo,
tipo um amor simples,
daqueles que nasce fácil,
mas em terreno difícil...

que dure o tempo de uma vida,
como um sorriso ou uma gentileza,
que não precisa de um rosto,
apenas de uma alma.

mas então me dou conta,
ainda sonolento e cru,
cheguei no destino diário,
hoje meu dia vai começar sem mim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

o artista

como apresentar tal figura?
tão amplo nome da palavra,
veja pelos meus olhos,
espero que acredite...

o artista vê,
o artista pensa,
o artista sofre,
e termina louco...

o artista acredita,
o artista abstrai,
o artista sorri,
mas então se acorda...

o artista sente,
o artista fecha os olhos,
o artista então cria,
abre os olhos e inicia...

o artista é um preso,
o artista cometeu um crime,
o artista percebe demais,
condenado a prisão solidão...

o artista é só,
o artista tem um vazio,
o artista quer ser normal,
não quer ser artista...

compreendidos ou não,
provavelmente não,
todos eles morrerão,
e da vida só restará a arte...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

ventos

vem da calmaria serena,
a fonte de todas as tormentas,
estampa-se a mesma natureza,
no olhar dos inocêntes.

cursamos na faculdade da vida,
revisamos nossas verdades,
usamos algumas e chutamos outras,
os ventos estão a mudar...

nos sentimos iguais,
mas tão diferentes,
por vezes resta apenas a casca,
no olhar para trás só distância...

como pode o menino virar homem?
um acorde evoluir à música?
é certo que mudam-se os ventos,
mas será em direção qualquer?

dizem que nosso eu é matemático,
nós somado a nosso meio,
só outra forma de falar,
que os ventos mudam-se...

a dúvida é simples demais,
crescemos a mercê dos ventos,
ventos da vida esses que falo,
mas aleatórios ou predestinados?

aleatoriedade implicaria muito,
qual a razão se ninguem é por nós?
destino é palavra de telenovela,
algo estanque não importa o que...

pensei e pensei até me surgir,
resposta singela andou até mim,
sem certo ou errado nem nada assim,
só um feicho feito laço em cetim.

se meninos tornam-se homens,
e acordes tornam-se música.
talvez o vento sopre sem rumo,
mas em um mar de destinos certos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

deguste

"santo deus!
pai amado!
sempre mesma lenga,
que homem enrolado!"

"almoça ligeiro,
come isso quente!
imagine esse homem,
quando não tiver dente!"

sempre escuto e escuto,
hoje irei explicar,
não peço que tornes,
entender já me bastará.

imagines tú com frio,
rigoroso é o inverno,
achaste um belo vinho,
safra de 1983...

a garrafa é única,
foi teu avô que fez,
como a tomarias,
diferente do deguste?

teu frio se esvanecerá,
as lembranças surgirão,
rirás, chorarás, pensarás,
jamáis emborcarás...

agora olhas em tua volta,
imagine algo mais,
algo qualquer,
de preferência algo banal.

imagines ser isto o vinho,
o frio como desejo de tal,
e o degustar como lembranças,
começarás a entender...

a sensação do velho vinho,
existe em todas as coisas,
é tudo de caso pensado,
e não questão de lentidão.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

tchau você!

hoje é madrugada,
madrugada leve,
madrugada de ressaca,
ordinária satisfação.

digo mas não desdigo,
ajudei um próximo,
e o mandei ao longe,
pegue teu rumo e ache teu mundo.

esse meu deixe comigo,
tentarei a vida até a vencer,
pena vós que não iras ver,
o que irei a ele fazer.

arrume a mochila,
e beba tequilla,
fique tranquila,
queira ser como tekilla.

chores sem chorar,
veja o mundo nascer,
sacrifique velhos amigos,
aceite o mundo ceder.

adorei te ter por perto,
dividi e aprendi,
mas amei te saber ao longe,
sonharas, dividirás, aprenderás...

grato pela atenção,
dou tchau sem comoção,
será uma grande figura,
que respeitarei com devoção!

quinta-feira, 31 de março de 2011

ponto de vista

certa vez me apresentei,
apenas falei bom dia,
em retorno ninguém me diria,
o silêncio se fez a lei.

em jogos de certo e errado,
decide quem tem poder,
nada de anarquia,
e viva a democracia...

certa feita refleti,
como pode a razão existir,
se em qualquer ponto de vista,
o mundo troca de explicação.

no nosso mundo vivo,
nada é estanque,
regras são apenas regras,
ciências não é social.

a física possui regras,
pena nossos olhos que não,
como pode nosso mundo,
não entrar em extinção.

todos os dias me pergunto,
de que vale minha razão,
se só eu a entendo,
tamanha é essa prisão.

na loucura talvez o destino,
se a maioria não me concorda,
de onde posso tirar atenção?
sensação de sufocação.

encerrei a reflexão,
e não tive sequer conclusão,
pareceu à deriva minha visão,
com 'ão' apenas a exaustão.

lembro-me de uma regra,
me consolo com alguma aflição:
para ser viva uma idéia,
basta apenas um coração.

segunda-feira, 21 de março de 2011

poema de alguma face

mundo mundo vasto mundo,
mais vasta é minha ingratidão,
olhei mas não vi,
tamanha indecisão.

sou eu louco,
sou eu são,
escolhi mas esqueci,
de aceitar este povão.

parado, mudo, recebi,
mas rejeitei de ante-mão,
tal qualquer indecisão...

ser ninguém na multidão,
ou qualquer no paraíso,
paraíso não existe,
nesse mundo de ilusão...

sou apensa decidido,
rejeitei um mundo são,
olá mundo! vasto mundo!
mais louca é minha decisão!

sábado, 12 de março de 2011

procura-se uma tal bondade!

e lá está o seu sicrano,
bonzinho até os ossos,
deve mais do que tem,
pois não nega ajuda a ninguém.

alma caridosa e verdadeira,
qualidades bíblicas,
no céu tem reservas de luxo,
entretanto temos um problema...

seu sicrano tem um motivo,
só não o entendeu ainda,
uma tristeza profunda,
que torna seu corpo pesado.

'como pode? simplesmente como?
por minha vida toda ajudei,
ajudei doentes e leprosos,
fiz como manda o figurino horas!'

'como pode eu não ter nada?!
59 anos de dívidas incontáveis,
solidão, sem amigos verdadeiros,
por que minha vida é assim ?!'

e lá ia seu sicrano,
igrejinha sim senhor!
jesus no coração e pensamento.
amém ó jesus todo poderoso!

pausamos então a vida alheia,
e vamos logo à análise tática,
poderíamos deixamos seguir no play
mas terminará em mesmo pano de fundo.

vi certa vez em um filme,
que a ajuda verdadeira,
ela deve ser feita sem espectadores,
mas como isso deve funcionar?

extender a mão em ajuda,
sem esperar retorno é vaidade,
ninguém é assim de fato, ilusão,
quem o faz, só oculta o retorno.

talvez a dificuldade seja esta:
sem absoluta recompensa,
faríamos uma ação assim?
ou será pura utopia filosófica?

largo a dúvida no ar,
questionar levanta respostas,
mas em tom de brincadeira concluo:
nem pensaria em discutir altruísmo...

sexta-feira, 11 de março de 2011

ensaio sobre a cegueira

não consigo ver,
meu momento não me permite,
sentir até sinto,
mas tudo mesclado com certa angústia.

em uma respiração profunda que faço,
meus pulmões se completam de ar,
mas ainda não consigo respirar,
é minha alma que está sem ar.

não consigo deixar de ver,
aliás é só o que consigo ver,
pertencemos a eywa, gaia, terra,
nomeie como quiser...

entretanto, agimos diferente,
como se pertencessemos a outro time,
o da ansia, rápido, fácil, agressivo,
é só o que consigo ver...

você irá morrer entregue,
ou morrerá tentando lutar,
a luta é vã, você irá morrer
todos nós iremos, a vida é crua.

achamos que a cozinhamos ou a assamos,
mas é apenas 3D tecnológico,
a vida é crua, crua quase cruel,
de fato cruel, certamente cruel.

estou cego, só vejo breu,
talvez não cego de fato,
mas o breu do time da angústia, aquele lá,
por algum motivo me ofuscou.

não intencionalmente, não nos degladiamos,
cada um vive em seu canto,
nossa contenda é no campo das idéias,
mas agora estou em trégua.

fui ferido, meu combustível se esvaiu,
estou perdido por estar sem brilho,
sem luz não vemos caminho algum,
por isso breu, é só o que vejo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

regra #32

pois então que lá eu estava,
como sempre, caminhando pesado
nas difíceis matas das idéias,
como quem 'não quer' 'nada'.

esbarrei numa tal felicidade,
o jeito de encontrar não veio fácil,
nirvana talvez possa haver,
um grande acerto degustado no eterno.

não, nada disso pode ser, impossível,
pode haver, mas não é possível...
em nosso mundo vasto mundo,
mais vasta é nossa solidão!

muitos compromissos, agendas lotadas,
muitos ganhos e perdas diários,
não, não daria tempo de algo assim,
tão grande quanto constante...

deve certamente ser as pequenas coisas,
pense cá comigo: no dia bom,
elas fazem rir mais, no ruim, claro,
fazem irritar, parecem agravantes?

talvez esse seja o grande erro!
pois não o são, as pequenas coisas,
elas definem, e a galinha já sabia,
antes da época do seu ditado.

refine seus olhos e seus ouvidos,
aprenda a buscar, reconhecer, ver,
e principalmente degustar,
elas, as lindas pequenas coisas!