quinta-feira, 30 de agosto de 2012

perda


te repudio,
realidade suja,
estou em dor,
em perda...

tomas-te a,
imoral e vil,
almaldiçoo-te,
em perda...

quero chorar,
mas só vazio,
amaldiçoado,
perdido...

fúria completa,
contenho,
fecho os olhos,
sofrerei...

ao fim de tudo,
viverei,
abrirei os olhos,
dor em cicatriz...

mundo roto,
endurecerei,
mais e mais,
em sequela...

te repudio,
deus do destino,
cuspo a teus pés,
em desdém...

olha para mim,
sangra-me joelhos,
e te caçoo,
em invencibilidade...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

primatas

e agora filho? que sera de ti?
agrediste teu irmão por traição,
mas se um dias precisares de pão?
ai então pedirás desculpas?
será tarde demais...
até mesmo as boas almas te negarão.

e agora nobre peregrino?
usastes de teus amigos por interesse,
tenha um dia no mundo com amigos,
mas não queira viver 10 anos só,
chorarás por ti mesmo...
o único pobre será tu em esírito.

que será de ti bela figura?
usastes de mulheres por instinto,
em meio ao suor e movimentos conjuntos,
esquecestes por querer o amor,
sua beleza envelhecerá...
serás vazio como teu coração fora.

e agora?
agora é tarde demais,
se não é será,
ao perdedor a humilhação,
ao ignorante a loucura,
serás louco!

serás irresponsável?
pois o cancêr também o é,
células rotas de harmonia,
ao todo a morte trará,
e aos teus próximos ferirás,
sequer perceberás?

rogo que o mundo sobreviva,
pois tua ignorancia é a de todos,
e o mundo em tal rumo sufocará,
na ignorância teu único inimigo,
te vence a todo momento facilmente,
2 mil anos e ainda és um pobre prima.

bloco (textil) do eu sozinho II


  ao longo do meu dia cinzento decidi explorar minha
dúvida, tirar teias do sotão das minhas idéias, inspecionar as
engrenagens que compunham minhas crenças, n'algum lugar deveria
estar a origem de meu desconforto, não seria possível levar essa
'pedra no sapato', que já se tornara 'tijolo' a essas alturas.
como medida inicial, decidi ser o observador de meu sentir, do
momento seguinte em todas minhas ações, olharia pra meus
sentimentos na atividade qualquer que estivesse, buscaria pistas
da origem da minha tristeza que até então era intangivel a minha
consciência diária semidesperta.
  transitara o dia distante, olhava ao longe aos olhos
familiares mas de fato olhava para mim mesmo, tinha por certo
uma sensação estranha, muito pouco daquilo eu havia feito em
toda a minha vida e ao longo da mesma havia caminhado com muitos
sentidos ao lado externo de minha existência, sentia talvez que
de fato não conhecia esse porção de mim, um desconforto de estar
a sós com alguém recém apresentado, nenhuma descrição melhor.
          tomara café inicialmente e após um banho quente, me
vestira, pegaria a chave do carro e rumaria ao trabalho... por
todo o trajeto percebi um silêncio, um silêncio mudo, meu
silêncio... ri ao perceber que de fato se tratava de meu
interior, acho que gritara, esperneara e ultimamente já mordia
meu corpo físico o mais forte que conseguia, não por acaso minha
sensação era por vezes de dor em meu peito angústiado, por minha
longa existência jamais havia lhe dado atenção, lhe escutado,
sequer olha-lo, de fato nunca o tinha visto.
  consegui escutar os aráras gritando em árvores, gaivotas
gorjeando ao passar pela ponte que cruzava lago rumo ao
trabalho, o sol estava alto, poucas núvens eram vistas, uma leve
brisa de primavéra soprava, o lago parecia oceano, azul e
levemente agitado, o dia era claro, claro demais, agora eu o
percebia, dentro de meu silêncio, onde diabos EU estive que
olhara tudo isso sem nunca ver nada? maldição! o que mais não
pude perceber?
          ao chegar no trabalho, dei bom dia ao porteiro do
prédio, percebi seu sorriso e me pus a pensar... nunca tinha
visto, em alguns meses, o pobre diabo com menos que essa
recepção humilde mas resiliênte: esse mesmo sorriso, um leve
abaixar e levantar rápido de cabeça e um tranquilo 'bom dia'.
meu deus, o que mais não percebi? claro, eu iria descobrir que a
soma não era tão contida quanto o agir do porteiro.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

bloco (textil) do eu sozinho I


  hoje acordei pesado, bebera a noite passada... por certo que o costume ao álcool tenha me deixado, já não o usara a certo tempo, trabalhava demais, o momento era de construir, não de relaxar, cobranças pessoais levavam-me a continuar nesse momento 'construtivo' mais tempo do que julgara necessário... enfim, não fujamos da reflexão inicial. me acordara pesado, com um certo pesar em meus ombros, minha cabeça doía de uma certa dose de ressaca, moral e física, não sabia ao certo por que da parcela mental, mas ao me forçar ainda em despertar para me sentar na cama, levei as mãos ao rosto e os cotovelos as pernas e questionei o que havia de errado em mim, uma certa tristeza, um certo sentimento de solidão me tomava conta dos pensamentos em meus últimos meses, não soubera explicar, minha cama nunca ficara vazia, meus amigos sempre ao meu lado nos momentos bons e turbulentos, minha família apesar de fragmentada e espalhada, gozava da saúde de seus integrantes, tudo ia bem, mas algo faltava... me levantei então e parti para meu dia.

súplica


hoje estou triste,
não explico,
apenas sinto,
sinto-me só.

ecoa meu coração,
bate demorado,
desanimado,
nublou-se tudo.

no silêncio escuto,
meu amor acabou,
sem pulsos,
meu amor morreu...

queria sorrisos,
eles arrancariam-me,
a angústia do peito,
e dormiria leve...

mas pareço louco,
me imponho castigo,
devo sofrer!
devo sofrer!

perdi minha vontade,
não preciso de mim,
meu sangue negro,
envenena-me a alma!

ó ceu e deuses,
roguem por mim,
me sinto indo,
deixando-me...

estou triste,
intangível,
triste,
e mais triste...

domingo, 5 de agosto de 2012

conduta


amanhã serei forte,
mais forte do que hoje,
afrouxarei mais os nós,
que me prendem a ignorância.

serei mais cru e indiferente,
aos desprovidos de respeito,
olharei os honestos nos olhos,
levantarei os humilhados.

da minha dor lancinante,
encravada pela injustiça,
brotará como de um parto,
a honestidade da vida.

aos que ofendi e usei,
sempre carregarei sua dor,
a vestirei e a mostrarei,
todos devem saber.

não poderia ter direito,
ao choro de meus erros,
nem de erros contra mim,
mereço a soma justa da punição.

da ignorância irresponsável,
mastiguei sentimentos,
pisei em almas límpidas,
sei que jamais as mereci.

das lágrimas que derramei,
meu combustível infinito,
punho cerrado e cabeça erguida,
caio agora e venço amanhã.

busco a paz do equilibrio,
em meio a cicatrizes,
da seleção bruta da vida,
das dores em meu coração.

gostaria de ter respostas,
seria a buçola da ascenção,
mas tenho só pensamentos,
se é que eles já não bastam...

à vida o meu juramento:
meus erros jamais negarei,
a responsabilidade não fugirei,
meu peito sempre estará de frente.

dentre meu mundo de espinhos,
estou sendo indestrutível,
pois a cada tombo me levanto,
sangra meu rosto, não meu espírito.