quinta-feira, 31 de março de 2011

ponto de vista

certa vez me apresentei,
apenas falei bom dia,
em retorno ninguém me diria,
o silêncio se fez a lei.

em jogos de certo e errado,
decide quem tem poder,
nada de anarquia,
e viva a democracia...

certa feita refleti,
como pode a razão existir,
se em qualquer ponto de vista,
o mundo troca de explicação.

no nosso mundo vivo,
nada é estanque,
regras são apenas regras,
ciências não é social.

a física possui regras,
pena nossos olhos que não,
como pode nosso mundo,
não entrar em extinção.

todos os dias me pergunto,
de que vale minha razão,
se só eu a entendo,
tamanha é essa prisão.

na loucura talvez o destino,
se a maioria não me concorda,
de onde posso tirar atenção?
sensação de sufocação.

encerrei a reflexão,
e não tive sequer conclusão,
pareceu à deriva minha visão,
com 'ão' apenas a exaustão.

lembro-me de uma regra,
me consolo com alguma aflição:
para ser viva uma idéia,
basta apenas um coração.

segunda-feira, 21 de março de 2011

poema de alguma face

mundo mundo vasto mundo,
mais vasta é minha ingratidão,
olhei mas não vi,
tamanha indecisão.

sou eu louco,
sou eu são,
escolhi mas esqueci,
de aceitar este povão.

parado, mudo, recebi,
mas rejeitei de ante-mão,
tal qualquer indecisão...

ser ninguém na multidão,
ou qualquer no paraíso,
paraíso não existe,
nesse mundo de ilusão...

sou apensa decidido,
rejeitei um mundo são,
olá mundo! vasto mundo!
mais louca é minha decisão!

sábado, 12 de março de 2011

procura-se uma tal bondade!

e lá está o seu sicrano,
bonzinho até os ossos,
deve mais do que tem,
pois não nega ajuda a ninguém.

alma caridosa e verdadeira,
qualidades bíblicas,
no céu tem reservas de luxo,
entretanto temos um problema...

seu sicrano tem um motivo,
só não o entendeu ainda,
uma tristeza profunda,
que torna seu corpo pesado.

'como pode? simplesmente como?
por minha vida toda ajudei,
ajudei doentes e leprosos,
fiz como manda o figurino horas!'

'como pode eu não ter nada?!
59 anos de dívidas incontáveis,
solidão, sem amigos verdadeiros,
por que minha vida é assim ?!'

e lá ia seu sicrano,
igrejinha sim senhor!
jesus no coração e pensamento.
amém ó jesus todo poderoso!

pausamos então a vida alheia,
e vamos logo à análise tática,
poderíamos deixamos seguir no play
mas terminará em mesmo pano de fundo.

vi certa vez em um filme,
que a ajuda verdadeira,
ela deve ser feita sem espectadores,
mas como isso deve funcionar?

extender a mão em ajuda,
sem esperar retorno é vaidade,
ninguém é assim de fato, ilusão,
quem o faz, só oculta o retorno.

talvez a dificuldade seja esta:
sem absoluta recompensa,
faríamos uma ação assim?
ou será pura utopia filosófica?

largo a dúvida no ar,
questionar levanta respostas,
mas em tom de brincadeira concluo:
nem pensaria em discutir altruísmo...

sexta-feira, 11 de março de 2011

ensaio sobre a cegueira

não consigo ver,
meu momento não me permite,
sentir até sinto,
mas tudo mesclado com certa angústia.

em uma respiração profunda que faço,
meus pulmões se completam de ar,
mas ainda não consigo respirar,
é minha alma que está sem ar.

não consigo deixar de ver,
aliás é só o que consigo ver,
pertencemos a eywa, gaia, terra,
nomeie como quiser...

entretanto, agimos diferente,
como se pertencessemos a outro time,
o da ansia, rápido, fácil, agressivo,
é só o que consigo ver...

você irá morrer entregue,
ou morrerá tentando lutar,
a luta é vã, você irá morrer
todos nós iremos, a vida é crua.

achamos que a cozinhamos ou a assamos,
mas é apenas 3D tecnológico,
a vida é crua, crua quase cruel,
de fato cruel, certamente cruel.

estou cego, só vejo breu,
talvez não cego de fato,
mas o breu do time da angústia, aquele lá,
por algum motivo me ofuscou.

não intencionalmente, não nos degladiamos,
cada um vive em seu canto,
nossa contenda é no campo das idéias,
mas agora estou em trégua.

fui ferido, meu combustível se esvaiu,
estou perdido por estar sem brilho,
sem luz não vemos caminho algum,
por isso breu, é só o que vejo.