terça-feira, 20 de setembro de 2011

infância

e então em meio a conversa,
senti-me perdido e intruso,
sorri com as maos no bolso,
olhei o chão e calei.

lembrei da infância,
da timidez infantil,
que pouco tinha mudado,
acho que apenas a data.

ainda ontem vi um senhor,
era ele grisalho e frágil,
pisava a calçada fugindo,
brincava de fuga das riscas...

não vi um senhor de fato,
vi apenas uma criança,
algumas primaveras a mais,
desconcertou-se ao me ver.

somos apenas crianças,
mas com responsabilidades,
menos ingenuas,
muito mais mal educadas.

problemas o tempo nos traz,
e o mesmo nos leva o sorrir,
ontem eu ria mais,
viver me entristeceu.

sorrir passa a custar caro,
e a realidade é mesquinha,
metáforas metáforas,
fato é que sorrimos menos.

tavez aquele senhor,
por um momento entendeu,
somos os mesmos de ontem,
apenas um novo contexto.

curvar o mundo no expediente,
mas pedir tudo de balas,
no contexto do mundo adulto,
temos todos falsos bigodes.

viver deve ser uma arte,
ter paz e conseguir sorrir,
pena não ser eu um artista,
apenas um mero observador.

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