domingo, 17 de novembro de 2013

faltante

estava ocupado e apressado,
no meu quebra-cabeça,
peça-a-peça,
dia-a-dia!

montava as pressas,
já deveria ter acabado,
mas algo não fazia sentido,
na imagem que surgia...

no meu quebra-cabeça,
uma peça não cabia,
mas estava no desenho,
era uma peça apenas.

tinha contexto,
tinha meio,
tinha inicio,
tinha fim...

como podia não caber?
imagem certa e recorte errado?
motim nas regras básicas?
como pudera?

mas que pequeno incômodo!
a imagem jamais se montaria,
devido ao pequeno erro,
ou um correto desalocado?

senti certa familiaridade,
não conseguia explicar,
com contexto e fim,
a peça eu me senti!

seria eu um incômodo maior?
era inevitável a pergunta,
e inquietante a resposta,
a reflexão já crescera demais...

ligarei para um número,
trocarei a peça,
mas confesso um tal medo,
de eu também ser trocado...

domingo, 27 de outubro de 2013

o óbvio

as vezes estamos só,
mesmo entre milhões,
as vezes estamos tristes,
mesmo envoltos em felicidade.

talvez nossos sonhos façam isso,
parece-me que eles são nossos,
e apenas nossos,
aprisionando todos os demais.

parece-me que sonhos são de uns,
mas como o verso de uma moeda,
a parte inversa é pesadelo,
ou algo vagamente na fórmula.

talvez no rosto triste da chuva,
um dia sereno e aconchegante,
apenas o lado da moeda,
um formato de lição diferente.

talvez felicidade,
talvez tristeza,
sejam ambos o mesmo,
em diferentes tempos.

ainda uma parábola matemática,
tudo que sobe deve descer,
o alegre deve entristecer,
e vice-versa.

de que se faz essa tal felicidade?
sentimento útil a sobrevivencia?
não mais útil e agora complicador?
devo parar de perguntar?

nisso perdi minha paz novamente,
de tanto que já perdi antes,
quem me leu sabe,
que ainda não me acostumei...

só sei que agora choro,
de tanto que me doi o peito,
mas nada derramo,
nesse dia de felicidade.

segunda-feira, 4 de março de 2013

perda


e assim você se foi,
deixando-me em prantos,
livre de você,
rasgando-se de mim.

não sei se lhe odeio,
não sei se choro,
sei só que não sei,
só sei da dor.

uma alma a menos,
uma ausência a mais,
por quê me deixou?
por que tanta dor?

do cinza de tudo,
meu mundo morre,
a sensação é eterna,
na hora da vida.

como pode sem você?
descobri lhe amar,
e agora você não,
se afasta em mim.

continua ao meu lado,
vazio da presença,
um abraço de mármore,
resta uma lápide.

uma pedra gélida,
congela meu coração,
será que me amou?
pouco importa!

desejo em vão,
que se vá a noite,
nem a lua brilha,
estou em escuridão.

de você há pouco,
desse pouco só dor,
o pouco é muito,
restará a lição.

mas não,
ainda não,
agora sem vida,
resta um só coração.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

pedaço


a algum tempo tive um sopro,
era uma ideia apenas,
uma observação sobre o amor,
nas suas mais variadas formas.

tive um medo infantil de escrever,
mas ele ja se foi,
tentarei mostrar a simplicidade,
nada além de especulação.

quando amamos o próximo,
como um amigo fiel,
ou um filho carinhoso,
ou amando um certo beijo.

entregamos um pedaço do coração,
dentro dele existe um nós,
pequeno mas vivo e completo,
unido a nós como irmão gêmeo.

assim nos entregamos a alguém,
dai a responsabilidade intrínseca,
responsabilidade por cativar,
certo príncipe já havia dito.

quem recebe o pedaço,
recebe um todo em menor tamanho,
e deve cuidar ao máximo,
nem sempre acontece...

dai a dor quando se quebra,
a sensação é de dor imensa,
mas como pode se o pedaço saiu?
pois o pedaço ainda somos nós.

vivos como o coração que bate por si,
fora do corpo sem vida,
a dor é de fato nossa,
nessa parte está o nosso todo.

sejamos responsáveis,
distribuimos-nos para muitos,
cuidamos de poucos,
e claro, desgostamos dos resultados...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

tormento


talvez nossas alegrias sejam sonhos,
que navegam fora de realidade,
talvez nossas dores sejam rasas,
nunca mostrando uma real insatisfação.

talvez nossa dor física seja uma réplica,
insuficiente mas representante,
da nossa tristeza intelectual,
será que somos todos tristes?

será que a ignorancia é uma benção,
e a dúvida o inferno?
não teremos respostas...
apenas mais perguntas.

somos cada um universos tão imensos,
que zonas de intersecção são difíceis,
impossíveis,
será que existem de fato?

se nossas alegrias são sonhos,
como compartilha-las?
estão em nossa cabeça,
como reproduzir o irreproduzível?

tantas perguntas,
tanta tristeza,
talvez o entendimento seja a resposta,
ou mais um canto de uma prisão sem paredes.