sexta-feira, 26 de agosto de 2011

insulto


desviam-se os olhares,
retira-se as mãos,
as posturas,
as vontades...

somos mediocres,
acomodados,
insatisfeitos,
infelizes.

a brincadeira do sentir,
a dança do transformar,
a coragem de viver,
conceitos e só.

nossa vida é andar,
andar por um labirinto,
entradas em fundo cego,
contruida por covardes...

cegam-nos o caminho,
de um qualquer objetivo,
com suas paredes vãs,
feitas de inconsequência...

mascaram de nós,
o caminho mais óbvio,
retiram de nós,
o sabor da conquista.

esvai-se o ânimo,
brota a covardia,
seremos mais um,
a criar labirintos...

a maioria é óbvia,
a maioria é poderosa,
a maioria vence,
na maioria vivemos.

da maioria apanhamos,
da maioria aprendemos,
para maioria nos rendemos,
com a maioria morremos...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

pulsos engrenados

um dia ao ir dormir,
de repente uma denúncia,
do silêncio eu ouvira,
estalar meu coração.

antes já ouvira,
d'um pai sempre calmo,
sempre frio feito pedra,
estalava seu coração!

decidido fiquei,
do doutor logo saber,
que examinando exclamou,
engrenagens aí têm!

e assim confirmei,
a diferença fundamental,
não podia ser normal,
de fato não o era.

era de engrenagens,
disso era meu coração,
com ele não podia amar,
senão malfuncionava...

expurguei,
odiei tal herança,
mas no silêncio percebi,
nada mais eu tinha...

era dele,
meu poder de vida,
mas vinha dele a prisão,
que triste coração.

sofri calado,
toquei o peito,
gemeu as engrenagens,
em sol de solidão.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

violinos

me pego um dia a ouvir,
ouvir com outros ouvidos,
os benditos violinos,
mal consigo descrever...

que som maravilhoso,
que música suprema,
que me fecha os olhos,
que me leva pra longe...

havia apenas ouvido,
nunca ouvido de fato,
geme tal instrumento,
chora feito lamento.

poderia ouvir,
e ouvir,
e apenas ficar a ouvir,
é perfeito...

ouça um violino,
de olhos fechados,
por favor,
ouça...

geme tal instrumento,
macio e sutil,
como uma linda mulher,
perfeita...

chora feito lamento,
de quem chora de alegria,
de quem chora de dor,
mãe que ganha ou perde o filho...

ouça um violino,
de olhos fechados,
se surgir choro ou arrepio,
ouviste finalmente...