quinta-feira, 7 de abril de 2011

deguste

"santo deus!
pai amado!
sempre mesma lenga,
que homem enrolado!"

"almoça ligeiro,
come isso quente!
imagine esse homem,
quando não tiver dente!"

sempre escuto e escuto,
hoje irei explicar,
não peço que tornes,
entender já me bastará.

imagines tú com frio,
rigoroso é o inverno,
achaste um belo vinho,
safra de 1983...

a garrafa é única,
foi teu avô que fez,
como a tomarias,
diferente do deguste?

teu frio se esvanecerá,
as lembranças surgirão,
rirás, chorarás, pensarás,
jamáis emborcarás...

agora olhas em tua volta,
imagine algo mais,
algo qualquer,
de preferência algo banal.

imagines ser isto o vinho,
o frio como desejo de tal,
e o degustar como lembranças,
começarás a entender...

a sensação do velho vinho,
existe em todas as coisas,
é tudo de caso pensado,
e não questão de lentidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário